Depois de um longo período marcado pela pandemia, 2022 prometia ser um ano de superação dos desarranjos no mercado imobiliário. Essa promessa resultou em um aumento de 12% no volume de venda de imóveis novos nos primeiros dez meses de 2022, com destaque para o segmento de alto e médio padrão, que representa 30% de todos os imóveis vendidos no período, de acordo com levantamento da ABRAINC.
O ano passado também fechou com alta de 6% no valor de venda residencial e crescimento de 16,6% no custo de aluguel, de acordo com Índice FipeZap+, divulgado pelo DataZap+. Portanto, observa-se que o mercado conseguiu se sustentar mesmo com os crescentes ajustes do mercado e uma inflação alarmante. Neste cenário, o que esperar para o mercado imobiliário em 2023?
Reajuste fiscal
Em momentos de transição de governo, os atores do mercado observam atentos os caminhos que vão nortear a estratégia fiscal. Na visão de Castelo, esse fator é essencial para determinar os progressos tecnológicos em 2023. “A construção é um setor muito heterogêneo em questão de porte. As empresas precisam de um horizonte de crescimento”, justifica a economista.
“Houve muitos avanços nos últimos anos, mas ainda estão restritos a poucas empresas”, pontua. “Temos a perspectiva de avançar na reforma tributária para permitir que o setor consiga avançar de forma mais modernizada e sistêmica.” Para Robinson Silva, sócio-diretor do GRI Clube Real Estate, este é o grande desafio do governo para o próximo ano.
Ele defende que a ação pode ajudar a mitigar os efeitos da taxa de juros e a inflação em alta. “Se houver melhora desses números, o mercado residencial deve ser impactado rapidamente pelo aumento do poder de compra da população”, aponta. “A autonomia do Banco Central é outro fator que garante mais estabilidade para a economia e, portanto, fomenta o setor.”
Reformulação dos espaços de trabalho
Depois de anos de adaptação ao trabalho remoto, os escritórios voltaram aos holofotes em 2022 e devem continuar em evidência no próximo ano. Um levantamento do DataFolha mostrou que 52% dos brasileiros querem trabalho remoto ou híbrido, enquanto 45% preferem presencial. Porém, a demanda que surge é por um novo tipo de escritório, na opinião de Silva.
“Esses espaços vêm sendo reformulados. Agora estão voltados à convivência para gerar uma experiência positiva aos trabalhadores, como uma estratégia para reter talentos.” O profissional avalia que a busca por imóveis comerciais com esta finalidade deve aumentar em 2023. Já para Daniel Gava, CEO e co-fundador da Rooftop, essa movimentação impactará também outros tipos de imóveis.
“Com a retomada do trabalho de escritório, ainda que parcial, os grandes centros voltaram a um cotidiano mais prático”, acredita. “Haverá mais demanda por imóveis arejados, com luz natural, espaço comum amplo para convívio, serviços completos e ambiente privativo com tecnologia.”
Para Silva, os empreendimentos certificados por práticas de sustentabilidade devem seguir cada vez mais valorizados, da mesma forma que as construções voltadas para o bem-estar do morador. “O consumidor está mais preocupado com esses aspectos”, indica. “Isso deve se refletir até na hotelaria e nos métodos construtivos, com destaque para moradia por assinatura, construção modular e madeira engenheirada.”
Oportunidade para corretores de imóveis
Enquanto incorporadoras e grandes empresas planejam um ambiente de transformações, o corretor de imóveis vai precisar se adaptar. “O governo eleito tem um cunho social forte, então o mercado de primeira moradia e casas populares deve ter um aquecimento significativo”, afirma Ricardo Martins, influenciador digital e corretor de imóveis da My Broker Imobiliária.